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A Intentona Integralista foi um movimento armado contra o governo federal deflagrado em maio de 1938 por membros da Ação Integralista Brasileira.
No segundo semestre de 1937,enquanto a campanha para as eleições presidenciais marcadas para janeiro do ano seguinte se desenrolava nas ruas, o presidente Getúlio Vargas articulava com a alta cúpula das Forças Armadas o golpe do Estado Novo. Plínio Salgado, principal dirigente e candidato da AIB à presidência, mantinha-se a par das intenções de Vargas e dava-lhes, inclusive, apoio. Por isso mesmo, logo no início do mês de novembro retirou sua candidatura e manifestou solidariedade à luta que Vargas dizia travar contra a ameaça do comunismo e os efeitos desagregadores da democracia liberal. A expectativa que Plínio Salgado então cultivava, alimentada pelos contatos que mantinha com o presidente, era de que o integralismo se tornasse a base política do regime a ser implantado com o golpe e que o Ministério da Educação do novo governo fosse entregue a um dirigente da AIB.
Ao ser decretado o Estado Novo em 10 de novembro, porém, Vargas não fez qualquer referência ao integralismo em sua mensagem à nação. Mesmo assim, Plínio Salgado declarou apoio à nova ordem e afirmou que a AIB deixava de ter um caráter político e passava a limitar sua atuação ao âmbito cívico e cultural. Apesar disso, a AIB acabou sendo incluída no decreto em que Vargas determinava o fechamento de todos os partidos políticos. Percebendo que suas expectativas de participação no poder não se concretizariam, lideranças integralistas como Olbiano de Melo, Belmiro Valverde e Gustavo Barroso, ao lado de oficiais da Marinha, começaram a articular, no início de 1938, um golpe contra o governo. Plínio Salgado trabalhava em duas frentes: ao mesmo tempo em que dava seu consentimeto aos preparativos insurrecionais, buscava uma reaproximação com Vargas. Aceitaria, inclusive, rebatizar a AIB, que oficialmente passou a denominar-se Associação Brasileira de Cultura. A disposição repressiva demonstrada pelo governo contra os integralistas deixava claro, porém, que a reaproximação era inviável.
No dia 11 de março de 1938, os integralistas deflagraram pequenas agitações na Marinha e uma tentativa de ocupação da Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, que foram rapidamente debeladas. Seguiu-se uma violenta onda repressiva contra os conspiradores que, além dos integralistas, incluíam alguns políticos de oposição como Otávio Mangabeira, Flores da Cunha e o coronel Euclides Figueiredo. Com a prisão deste último, a chefia militar do movimento passou às mãos do general João Cândido Pereira de Castro Júnior. Enquanto isso, Plínio Salgado mantinha-se refugiado em São Paulo, evitando dar declarações públicas.
No dia 11 de maio, uma nova tentativa insurrecional foi promovida pelos integralistas. Dessa vez, sob o comando do tenente Severo Fournier, um grupo atacou o Palácio Guanabara, residência presidencial, com a finalidade de depor Vargas. A precariedade do ataque, porém, permitiu que a própria guarda do palácio, auxiliada pelos familiares do presidente, repelisse os invasores. A chegada, horas depois, das tropas comandadas pelo general Dutra, ministro da Guerra, acabou definitivamente com o levante. Os ataques previstos a outros pontos da cidade também fracassaram devido à total desorganização dos revoltosos.
Os integralistas sofreram forte perseguição em todo o país, e muitos de seus principais líderes foram presos. Plínio Salgado, entretanto, negou-se a admitir qualquer participação nos episódios e a princípio foi poupado. Somente em janeiro de 1939 seria preso, mesmo assim por poucos dias. Em maio, foi novamente encarcerado, e só saiu da prisão no mês seguinte para se dirigir a um exílio de seis anos em Portugal.