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Holocausto é o nome que se dá para o genocídio cometido pelos nazistas ao longo da Segunda Guerra Mundial e que vitimou aproximadamente seis milhões de pessoas entre judeus, ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová, deficientes físicos e mentais, opositores políticos etc. De toda forma, o grupo mais foi vitimado no Holocausto foi o dos judeus. Estes, por sua vez, preferem referir-se a esse genocídio como Shoah, que em hebraico significa “catástrofe”.
Antissemitismo nazista[editar código-fonte]
O Holocausto foi o resultado final de um processo de construção do ódio de uma nação contra um grupo específico que vivia na Europa. O antissemitismo na Alemanha não surgiu com o nazismo e remonta a meados do século XIX, em movimentos nacionalistas, além de ter sido manifestado por personalidades alemãs da época, como Hermann Ahlwardt e Wilhelm Marr.
Quando o partido nazista surgiu, em 1920, o antissemitismo era um elemento que já fazia parte da plataforma do partido, e os historiadores acreditam que Adolf Hitler tornou-se antissemita em algum momento de sua juventude, quando vivia em Viena, capital da Áustria. A presença do antissemitismo no Nazismo, durante sua fundação, era perceptível no programa do partido, que afirmava que nenhum judeu poderia ser considerado cidadão alemão.
O antissemitismo alemão partia do pressuposto de que a raça alemã era superior e de que os judeus eram responsáveis por todos os males da sociedade alemã. Hitler e os nazistas começaram por colocar nos judeus a culpa da derrota alemã na Primeira Guerra Mundial por meio da “teoria da punhalada nas costas”.
Os nazistas falavam que os judeus possuíam um plano de dominação mundial e criticavam contundentemente o liberalismo econômico e o capitalismo financeiro, pois afirmavam que ambos eram dominados pelos judeus. Um dos exemplos claros dessa ideia (situada na época das teorias da conspiração utilizadas para acusar os judeus) foi um livro de origem russa e autor desconhecido que foi sucesso de vendas na Alemanha: “Os protocolos dos sábios de Sião”.
Quando os nazistas assumiram o poder na Alemanha, em 1933, o processo de exclusão e de violência contra os judeus foi iniciado de maneira progressiva. O discurso nazista, aliado à doutrinação realizada na sociedade alemã, tornou os judeus bodes expiatórios e vítimas de perseguição intensa, não só por parte do governo, mas também pelos civis.
Durante os anos do Holocausto, os nazistas obrigavam os judeus a usarem uma estrela costurada na roupa como forma de identificação.**
Uma das primeiras ações tomadas pelos nazistas contra os judeus foi uma lei, aprovada em 7 de abril de 1933, chamada Berufsbeamtengesetz, traduzida para o português como Lei para Restauração do Serviço Público Profissional. Essa lei proibia definitivamente os judeus de atuarem em cargos públicos. Outras leis do tipo foram aprovadas para outros ofícios, como médicos e advogados. Além das leis, os judeus eram alvos de ataques promovidos pelas tropas de assalto nazistas (SA) e tinham suas lojas boicotadas a nível nacional.
Com o passar do tempo, novas ações contra os judeus foram sendo organizadas na Alemanha. Essa perseguição forçou milhares de judeus a fugirem do país, mas muitos outros não conseguiram, pois nenhum país estava disposto a recebê-los. Na década de 1930, duas medidas tomadas por Hitler simbolizaram o reforço do antissemitismo na Alemanha: as Leis de Nuremberg e a Noite dos Cristais.
Leis de Nuremberg[editar código-fonte]
As Leis de Nuremberg foram um conjunto de três leis, aprovadas no ano de 1935, que legislavam sobre a miscigenação, a bandeira e a cidadania alemã. As duas leis que se relacionavam diretamente com o antissemitismo na Alemanha eram a Lei de Proteção do Sangue e da Honra Alemã e a Lei de Cidadania do Reich.
A primeira lei tratava a respeito da miscigenação, proibindo que judeus e não judeus casassem-se, além de proibir também que não judeus tivessem relações sexuais com judeus. Essa lei também falava que judeus não poderiam ter empregadas domésticas com idade inferior a 45 anos nem portar as cores do Reich (preto, vermelho e branco).
A segunda tratava a respeito da cidadania, basicamente definindo quem era cidadão e quem não era. Segundo essa lei, todas as pessoas que tivessem ¾ de sangue judeu ou fossem praticantes do judaísmo seriam consideradas judias e automaticamente não teriam direito à cidadania. Com isso, os judeus eram considerados apenas “sujeitos de Estado” e eram pessoas que tinham de cumprir suas obrigações, mas não tinham direito a receber nada do que um cidadão receberia.
Noite dos Cristais[editar código-fonte]
A Noite dos Cristais foi um marco na história do antissemitismo porque oficializou um ponto de partida para o aumento da violência contra os judeus na Alemanha. Esse acontecimento passou-se em 1938 e é definido como um pogrom, isto é, um ataque violento que é organizado contra um grupo específico.
Esse ataque aconteceu em represália ao assassinato de Ernst vom Rath, um diplomata alemão, por um estudante judeu de 17 anos que queria vingar-se da expulsão de seus pais da Alemanha. Dias após o diplomata alemão ser atacado em Paris, uma ordem foi emitida por Hitler e Goebbels para que ações de violência fossem organizadas como forma de intimidar os judeus.
Os ataques da Noite de Cristal iniciaram-se na noite de 9 de novembro de 1930 e estenderam-se até a metade do dia seguinte. Membros do partidonazista, a maioria à paisana, partiram para um ato de violência inédita na Alemanha. Casas, estabelecimentos, orfanatos e sinagogas foram atacadas com os agressores destruindo o que encontravam pela frente, agredindo as pessoas que estavam nesses locais e, por fim, incendiando as construções.
Ao fim do pogrom, milhares de estabelecimentos foram destruídos, e, apesar do número oficial de mortos ser 91, especula-se que os mortos nesse ataque possam ter chegado à casa dos milhares. A Noite dos Cristais também inaugurou o aprisionamento de judeus em campos de concentração, pois, durante o pogrom, 30 mil judeus foram presos e encaminhados para Dachau, Buchenwald e Sachsenhausen.
Solução Final[editar código-fonte]
Com o início da Segunda Guerra, em 1939, a cúpula do partido nazista começou a discutir “soluções” sobre como tratar a “questão judia” na Europa. Como mencionado, o aprisionamento de judeus em campos de concentração foi iniciado ainda na década de 1930. Esses locais, no entanto, não haviam sido preparados para serem locais de extermínio como aconteceu durante a guerra.
Quando a guerra começou, os judeus no Leste da Europa começaram a ser agrupados em guetos, um local específico da cidade que era cercado pelas tropas nazistas e separado especificamente para o abrigo de judeus. Os guetos agrupavam-nos para que mais tarde fossem enviados para os campos de concentração e extermínio.
Além disso, os nazistas debatiam soluções a serem colocadas em prática para lidar com a “questão judia”, e duas dessas foram amplamente debatidas. Na primeira, os nazistas tentaram obter autorização para deportar os judeus para a União Soviética, mas Stalin não aceitou recebê-los. Outro plano ficou conhecido como Plano Madagascar, em que os nazistas cogitaram deportar os judeus da Europa para a ilha de Madagascar, na África.
Por toda a Europa, os judeus eram aglomerados e transportados, para os guetos e campos de concentração, em vagões de trem.
De toda forma, o plano de exterminar todos os judeus após a guerra é classificado pelo historiador Timothy Snyder como uma utopia de Hitler que foi reformulada por dois membros do Partido Nazista à medida que a guerra foi tomando o rumo que não era desejado pelos nazistas. Os reformuladores do plano de extermínio dos judeus foram Reinhard Heydrich e Heinrich Himmler e, por isso, ambos são considerados arquitetos do Holocausto.
Grupos extermínio[editar código-fonte]
Quando a Solução Final foi elaborada, o que estava na mente de Heydrich e Himmler era: “os judeus que não pudessem trabalhar teriam que sumir, e os fisicamente capazes de trabalhar seriam usados como mão de obra em algum lugar na União Soviética conquistada até que morressem.” Os primeiros judeus vítimas desse plano foram alvo dos Einsatzgruppen, os grupos de extermínio.
Esses grupos de extermínio atuaram na Polônia, nos países bálticos e na parte do território soviético que os nazistas estavam ocupando. A atuação deles era simples: promover a limpeza sistemática de judeus dessas áreas por meio de fuzilamentos. Os judeus dessas localidades eram reunidos em um local específico, posicionados nus em frente a uma vala comum e fuzilados um a um até que toda a população judia desses locais estivesse morta.
A atuação dos grupos de extermínio nos locais citados, como os países bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia), levou à morte por fuzilamento milhares de pessoas. Na Lituânia, 114-856 judeus foram mortos; na Letônia, 69-750 judeus foram executados; e na Estônia, foram encontrados 963 judeus e todos eles foram executados. Durante esses fuzilamentos, os grupos de extermínio também executaram outras pessoas, como as que tinham colaborado com os soviéticos.
O fuzilamento organizado pelo Einsatzgruppen que mais ficou conhecido recebeu o nome de Massacre de Babi Yar, quando os judeus de Kiev foram reunidos em um ponto da cidade e fuzilados durante um período de 36 horas. Desse massacre resultaram as mortes de 33-761 pessoas, que foram depositadas em uma vala comum.
A atuação dos grupos de extermínio, no entanto, tinha limites sensíveis aos objetivos nazistas. Primeiro, por mais eficiente que fosse o Einsatzgruppen, a velocidade com que faziam a limpeza étnica era abaixo do que os nazistas desejam. Segundo, o envolvimento dos soldados em uma quantidade assombrosa de execuções trazia-lhes graves problemas psicológicos. Isso forçou os nazistas a pensarem em uma alternativa que fizesse o genocídio de judeus acontecer de maneira mais ágil e impessoal.
Campos de concentração[editar código-fonte]
Cadáveres de judeus encontrados no campo de concentração de Bergen-Belsen em 1945.*
A solução encontrada pelos nazistas foi a de promover a execução de judeus em câmaras de gás, que foram sendo instaladas nos campos de concentração. Além disso, foram construídos seis campos de extermínio cujo intuito era unicamente promover a execução de judeus. A diferença é que, nos campos de concentração, os judeus, além de executados, também tinham sua mão de obra explorada ao máximo.
As câmaras de gás para a execução de judeus foi uma ideia exportada do Programa de Eutanásia, também conhecido como Aktion T4. Nesse programa, os nazistas executavam os que eram considerados inválidos, ou seja, aqueles que possuíam algum tipo de distúrbio mental ou deficiência física.
Os campos de extermínio, construídos pelos nazistas a partir do segundo semestre de 1941, foram: Chelmno, Belzec, Sobibor, Treblinka, Auschwitz e Majdanek. Todos esses campos localizavam-se na Polônia, e o primeiro deles a ser construído foi o de Belzec — local no qual foi desenvolvida uma câmara de gás à base de monóxido de carbono e que matava suas vítimas por asfixia. Depois, outros campos foram construídos, e os nazistas começaram a utilizar Zyklon-B para assassinar os prisioneiros.
Dos campos de extermínio citados, a quantidade de mortos foi a seguinte:
Auschwitz-Birkenau: aproximadamente 1,2 milhão de mortos.
Treblinka: aproximadamente 900 mil mortos.
Belzec: aproximadamente 400 mil mortos.
Sobibor: aproximadamente 170 mil mortos.
Chelmno: aproximadamente 150 mil mortos.
Majdanek: aproximadamente 80 mil mortos.
Dentre os horrores cometidos nos campos de concentração, destacaram-se a jornada de trabalho extenuante, os maus-tratos diários e as péssimas condições de higiene. Os prisioneiros ficavam em alojamentos abarrotados de pessoas e eram mal alimentados. Execuções sumárias sem motivação aparente aconteciam como forma de tortura psicológica aos prisioneiros, além das execuções nas câmaras de gás.
Os prisioneiros recebiam roupas insuficientes para o inverno, e, na maioria das vezes, elas eram recolhidas em abril (principalmente no caso de Auschwitz) independentemente se o frio tivesse passado ou não. Eles eram obrigados a suportar a enorme quantidade de percevejos e pulgas nos alojamentos. Quando adoeciam, o tratamento oferecido era sempre insuficiente. Na questão médica, também há registros de testes realizados em cobaias humanas por médicos nazistas em diversos campos de concentração.
Os prisioneiros dos campos de concentração foram sendo libertados à medida que os nazistas foram perdendo a Segunda Guerra Mundial. No decorrer em que suas posições no Leste Europeu eram ameaçadas, os nazistas intensificaram a velocidade das execuções de judeus nas câmaras de gás, além de terem tentado ocultar os indícios do genocídio, seja com a destruição de documentos, seja com a exumação dos corpos.
Julgamentos em Nuremberg[editar código-fonte]
Depois que os nazistas renderam-se em maio de 1945, muitos deles e seus colaboradores, que atuaram diretamente no Holocausto, foram presos e levados a julgamento no Tribunal Militar Internacional de Nuremberg. Os julgamentos em Nuremberg estenderam-se durante nove meses e condenaram alguns nazistas à morte por enforcamento, enquanto outros receberam penas de prisão perpétua ou por certa quantidade de tempo.
Entre os condenados à morte por enforcamento, estavam Hermann Göring, chefe da Luftwaffe (força aérea), e Joachim von Ribbentrop, ministro das Relações Exteriores da Alemanha. Entre os condenados à prisão perpétua, estavam Rudolf Hess, vice-líder do partido nazista, e Erich Raeder, comandante da Kriegsmarine (marinha alemã).